Você se considera independente? Quando de fato nos tornamos independentes? Sem dúvidas, essas perguntas são cheias de possibilidades e de respostas, mas boa parte das considerações que levantaríamos ao explorar os diversos territórios destas questões, seriam às sombras de nossas memorias da infância; seriam os meios que aprendemos a conhecer o mundo, bem próximas as margens de como passamos a reconhecer nossos sentimentos, anseios e frustrações.

A independência na consciência de significado, poderia ser compreendida como o movimento de não estar sobre o domínio de forças ou influências do imaginário simbólico de superiores, neste sentido da linguagem, aproxima-se de significações como autonomia ou liberdade.

No universo infantil, boa parte das interlocuções entre o eu e o mundo, foram apresentadas ou acompanhadas por cuidadores (pais, responsáveis, familiares, babás e/ou outros profissionais). – Nesse ponto, observa-se que no desenvolvimento das crianças, as intervenções dos cuidadores influenciam na possibilidade de constituição da independência ou deficiência.

Afinal, em nossas instâncias adultas, dispõem-se do convite em percepção às nossas ações de escolhas; existem nelas, vozes, estímulos, ou sabotes de pessoas que constituíram nossa história? Caso sua resposta seja sim, amplia-se do cogitar o quanto a independência da criança, se fundamenta sobre nossa própria forma de viver a independência.

A independência da criança pode ser interpretada quando a mesma desempenha escolhas diante ao mundo, sem o cogitar de influência direta de seus cuidadores, tendo o suporte dos mesmos na possibilidade de acerto ou reparação, em outras palavras, a independência da criança depende da capacidade que ela dispõe ao jugar suas próprias habilidades sem precisar da atribuição de valores de outra pessoa.

Nesse aspecto, fica fácil de confundir a independência da criança com “o deixar ela fazer o que quiser”, não se trata da intenção concreta desta frase. Temos por conhecimento que a criança em muitas situações não tem a sensibilização compreensível do mundo adulto, que precisa de intervenções que possam auxilia-la a absorver os conteúdos adjacentes as vivências.

Então, como os cuidadores podem ajudar para que a criança desenvolva sua independência, sem que oferte prejuízos no desenvolvimento infantil?

A menção ordem para esta pergunta é que os cuidadores estejam atentos as necessidades das crianças, sejam elas no carinho, afeto, proximidade, ou na dolorosa função do fornecer espaço para criança se ampliar; colocar-se a necessidade da criança, significa perceber os momentos em que a estimulação da independência seja potencializadora, sem que a criança interprete a estimulação da intendência como abandono.

Para isso se faz necessário que os cuidadores conheçam os anseios, gosto, e desejo de suas crianças. – E isso demanda, proximidade, tempo e entrega! – O mais importante da independência da criança não é o imaginário da construção final da autonomia, e sim o processo de subjetivação durante o processo.

Muitos cuidadores encontram dificuldades em encontrar esse ponto entre o proteger e o liberar, esse ponto complicador, pode desencadear ramificações dificultosas no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional da criança. São duas extensões que podem auxilia-la a encontra um ponto de equalização.

A primeira extensão atinge os cuidadores para que busquem não se colocar na posição de modelo para as crianças […] modelos se tornam distantes, e por vezes inalcançáveis. Coloca-se então, como humano, que também tem fragilidades, anseios e necessidade de reparação, com isso o fluxo relacional se torna respirável, e condicionalmente favorável!

A segunda extensão diz que os cuidadores tendem por uma natureza social se prender as dificuldades das crianças. Experimente não buscar as limitações e dificuldades das crianças como forma de as desenvolver, busque as potencialidades. Me responda, o que a criança que cuida tem em natureza de potência?

Possivelmente nunca nos tornemos o real conceito de independência, somos seres que estão à beira do tornar-se, de desempenhar novas marralhas que colaborem ou não para a ampliação de nossas potencias e habilidades.

E é sobre esta condição que promovemos a possibilidade de independência para os que estão sobre nossos cuidados; chega-se então ao pensamento de que o maior desafio para a construção da independência do cuidado para com o outro, subitamente para construção da independência da criança, desdobra-se em garantir que nossa influência, nosso afeto e cuidado sejam permeáveis para que ela sinta-se livre para experimentar o mundo, seguras de nosso compreender.

E que em última instância nossa trajetória histórica seja apenas fonte madura para a difícil compreensão de que a independência da criança, só ocorre de fato quando o cuidador permita que ela ocorra, e assim, que nosso amor ao cuidado, seja pelo desenvolvimento do tornar-se, e não pelas armadilhas de reconstrução da tirania que acatamos de nossas próprias privações de independência.

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