O gesto de desenhar

— Vamos desenhar? Convidou sem êxito.

— Mas eu não sei desenhar! — Respondeu em prontidão ao convite audacioso!

— Ainda bem! — Retrucou com o sorriso rumo as descobertas da viagem preste a iniciar.

Diante um convite para o desenhar talvez o pensamento de não saber fazer isso seja o mais comum, de algum modo se bate a estranheza frente ao pedaço de folha em branco esperando um traçar de suas mãos.

Mas de fato o que acontece no fenômeno do desenhar?

A palavra desenhar relacionar-se com a palavra desígnio. Nesse sentido, quando desenhamos de algum modo estamos criando um vínculo com nossa capacidade de fluir em nosso florescimento de viver; quando desenhamos estamos tomados do ato afirmativo de designar, ou seja, de dar destino!

Todo desenho quando livre, tem a função de retratar o mundo interno, é ação da evocação das nossas estruturas mais íntimas – um contato direto com a essência de nossa natureza atemporal.

 O desenho quando seguido do desejo da expressão se transforma na criação de símbolos da psique, que sugere projeções de nossas possibilidades imaginárias e visualmente nos deparamos com lembranças, sonhos, sensações, sentimentos, fantasias, histórias, memórias e muito, muito mistério sobre nosso mundo – Não estranhe diante da contemplação de seu desenho ser tomado por uma afeto forte que queima no peito, e ilumina o pensar.  

O desenho nos conecta com a possibilidade de cartografar de forma caligráfica a linguagem da alma. É como se estivéssemos diante de uma fotografia feita de dentro pra fora, nesse fazer, expressamos a reconstrução de nossa linha da vida na coragem de dar destino àquilo que escapou pelas linhas de seu fazer sobre o papel.

Você já parou pra pensar quando paramos de desenhar? – Provavelmente vai dizer que foi na infância, quando recoberto do fazer adulto substituímos o desenho pela narrativa escrita, mas por que abandonamos quando podemos somar? – Aliás, abandonamos muito na linha da vida, quando sem dúvidas poderíamos adicionar! Talvez por nosso social valorizar fortemente o logos, pouco se estimule a função da expressão de ideias retomado das tentativas dos sentimentos do rabiscar. Sempre que desenhamos libertamos algo de dentro, que estava a nossa espera a ser examinado pelo nosso olhar de fora.

Quando deixamos de desenhar corremos o risco de deixar de contar algo, de deixar de relatar algo sobre nossa própria história. Uma folha em branco é grávida da ação do criar, e toda criação é a prova de que dentro habita uma parte criadora, potente, viva! Que chora, ri, emociona, expressa, conta, relaciona, implica, que infinitamente dá um proposito ao viver.

O desenho favorece:

  • Desenvolver um raciocínio estimulando a criação;
  • Estimula a psicomotricidade, dando movimento ao corpo interno aos movimentos externos;
  • Exercita a memória;
  • Elucida a imaginação;
  • Favorece ordenar pensamentos, dar luz a repetição contínua;
  • Fornece um espaço de organização interno e externo;
  • Possibilita a clareamento e o reexaminar de afetos e pensamentos;
  • Proporciona o desenvolver da função viso-motora e espacial;
  • Conduz a percepção de aspectos de luz e sombra;
  • Favorece a amplificação de conteúdos internos;
  • Viabiliza a descarga de tensão e agressividade;
  • Direciona meios de comunicação diante a dificuldade do falar.
Desenho e arteterapia

Infinitamente DESENHE!

Desenhe no papel, na parede, no ar, na poeira do carro ou dos móveis, no vapor do box ou espelho do banheiro depois de um banho quente, na areia ou água com o dedo… 

Desenhe, contemple e encontre suas descobertas.

ArteTerapia Em sp

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